29 de dez. de 2014

Frases de impacto e de gente de respeito sobre EPISIOTOMIA, ou a não necessidade dela!



"Episiotomia não tem indicação nenhuma baseada em evidência. Nenhuma. As indicações alegadas pelos profissionais que ainda a fazem são as mais diversas, mas nenhuma encontra respaldo em evidências científicas. Agora, se quer justificar alguma episiotomia, por favor, não use o argumento da proteção perineal, porque isso já está caduco de tão estudado e não é verdade. Episiotomia não protege períneo. Não é óbvio? Episiotomia lesa o períneo, não protege. Já tem estudo de sobra mostrando isso. Episiotomia aumenta, AUMENTA, o risco de lacerações graves. Consolidado na literatura, provado por A + B. Diga que faz episiotomia porque prefere, porque gosta, porque aprendeu assim, porque tem medo, porque seu mestre mandou, porque ainda não conseguiu controlar a mão que vai sozinha, mas não diga que foi pra proteger o períneo de ninguém. Não dá mais."


"Sabe aquele papo que dá para observar o períneo das mulheres e perceber que vai lacerar? Então... bull shit!!! Não há como prever. Fazer engenharia de obra pronta, cortar uma bela episiotomia "protetora" e depois dizer "viu, eu fiz a episio e por isso não lacerou" é a coisa mais sem lógica que já ouvi na obstetrícia!!! Aliás, se você está em posição física de observar períneos na fase do coroamento do bebê, é porque elas estão em litotomia. Se estivessem de cócoras, ou na banqueta, ou na banheira, você não estava vendo nada. Então se você realmente está olhando períneos e julgando quais vão rasgar, você está fazendo tudo isso errado. De cabo a rabo!!!"

26 de dez. de 2014

O Renascimento do Parto, Canal Brasil, 3/1/2015

Oi pessoal!
Pra quem ainda não viu o filme O Renascimento do Parto, vai passar no Canal Brasil dia 3/1/2015, às 22:00hs.


Atualmente, o Brasil figura como o campeão mundial de cesarianas. Esse número atinge taxas próximas a 50% do total de partos atendidos no país, chegando ao índice de 90% em alguns hospitais da rede privada, contra o máximo de 15% recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Preocupado com esses dados e reconhecendo a importância do tema para a sociedade, o longa, dirigido por Eduardo Chauvet, em parceria com Érica de Paula – responsável pela pesquisa, roteiro e produção – pretende promover uma profunda reflexão a respeito dos rumos que o nascimento humano está tomando no século 21 e propondo uma urgente mudança de paradigmas do modelo vigente.

Das parteiras tradicionais e comadres ao obstetra altamente especializado, o título observa como o parto, aos poucos, foi saindo da esfera familiar, deixando de ser visto como um processo natural e passando a ser encarado como um ato médico, muitas vezes com intervenções traumáticas e desnecessárias. Através dos relatos de diversas mães e alguns dos maiores especialistas no assunto, questiona-se o padrão atual e o futuro de uma civilização que vem ao mundo sem os chamados "hormônios do amor", liberados apenas em condições específicas. O registro conta com a participação especial do cientista francês Michel Odent, da antropóloga norte-americana Robbie Davis-Floyd, da parteira mexicana Naoli Vinaver, do ator Márcio Garcia e sua esposa, a nutricionista Andréa Santa Rosa, dentre outros. Merecem menção as inúmeras cenas de partos humanizados que ilustram a obra e ainda a delicada trilha sonora original, assinada por Charles Tôrres.

A produção foi recorde de financiamento coletivo no Brasil (o cada vez mais popular sistema de crowdfunding) e o documentário nacional com a segunda maior bilheteria no país em 2013, passando por 50 cidades brasileiras e permanecendo por surpreendentes 20 semanas em cartaz nos cinemas. Foi ainda seleção oficial de alguns festivais, dentre os quais o LABRFF – Festival de Cinema Brasileiro em Los Angeles (EUA) e o Festival de Cinema Latino-americano e Caribenho de Margarita (Venezuela), em 2013; e o Festival de Cinema de Bogotá (Colômbia), em 2014. O trabalho também figurou entre os cinco finalistas do 10º Prêmio Fiesp/Sesi-SP de Cinema nas categorias de melhor documentário, diretor, roteiro e montagem, dentre os 127 filmes nacionais de 2013. Em seguida vieram alguns convites especiais: da Secretaria Geral da Presidência da República, para exibição e debate no Palácio do Planalto; do Fórum Mundial de Direitos Humanos de 2013; e do Fórum Social Mundial de 2014. Segundo os produtores, O Renascimento do Parto 2 já está na incubadora.


Sábado, dia 03/01, às 22h e terça, dia 06/01, às 19h.

Detalhes em:
http://canalbrasil.globo.com/programas/cinejornal/materias/o-renascimento-do-parto-sera-exibido-dia-03-de-janeiro.html

12 de dez. de 2014

NATAL É PARTO


"Não se esqueçam que o Natal nada mais é que a celebração de um parto.
Sim, um parto que pôde oferecer o começo de uma história, que plasmou no imaginário de tantos um modelo de sociedade centrado na fraternidade. Foi a partir deste ato que surgiu o "amarás ao próximo como a ti mesmo".

Todavia, foi um parto, cheio de mistérios e nuances.

Mas fica a constatação de que o nascimento em si é apagado da narrativa. Depois de longa caminhada para realizar o recenseamento José e Maria, já estafados pela peregrinação, refugiam-se em uma estrebaria. Ali, na companhia dos animais e do seu marido, ela sente suas dores.

Fade out... a imagem obscurece e, quando volta a aparecer, o menino Jesus já está deitado na manjedoura, sob o olhar plácido dos bichos e a proteção de José. Em algumas imagens da cena primitiva do nascimento de Cristo ele ainda se mantém no berço improvisado, envolto no feno; em outros está já no colo de sua mãe, mas qualquer referência à amamentação também é sonegada.

Uma mãe virgem, que não gritou para parir e cujos seios se mantiveram cobertos para toda a eternidade. A cena do nascimento do Senhor estará sempre envolta em moralismo e sob a égide do patriarcado.

O trabalho de parto de Maria, com seu grito primal, seu suor e seu esforço, suas dores e contrações, além da força e a passagem que roubaria dela a virgindade, foi subtraído da imagem que se imortalizou no presépio natalino. Ficamos com o resultado, o produto oferecido pela ação do Espírito Santo, mas o trabalho genuinamente feminino e transformador de Maria se mantém esquecido.

Neste Natal, pensem um pouco em Maria e seus desafios. Melhor ainda, pensem em todas as Marias que ainda hoje lutam para que seus partos sejam dignos e respeitosos. Tenham na mente a imagem da mais famosa de todas elas, aquela que se dedicou para que seu filho pudesse nascer bem, no melhor lugar possível: onde ela se sentiu segura e emparada, com seu companheiro ao lado, e tendo silenciosos e compassivos animais como doulas.

(Após uma conversa com a querida Maria do Carmo Dischinger)"

Por Ricardo Hebert Jones, obstetra humanizado do Rio Grande do Sul.

8 de dez. de 2014

Lacerações, parto e episiotomia

"Qualquer mulher que tenha um parto vaginal tem risco de uma laceração perineal, incluindo as chamadas lacerações graves (3º ou 4º graus). Esse é um fato incontestável. Durante anos se praticou episiotomia porque se acreditava, ainda que empiricamente, que haveria proteção do períneo contra esses desfechos, se a incisão fosse realizada (entre outros "benefícios" não comprovados da técnica).

No entanto, estudos controlados realizados desde a década de 80 até os dias de hoje vem mostrando cada vez mais que as lesões mais graves são mais frequentes quando a intervenção é realizada, e não o contrário. Em outras palavras, a episiotomia não só NÃO protegeria o períneo, como FACILITARIA a ocorrência de COMPLICAÇÕES.

Da mesma forma, o parto instrumental (fórcipe ou vácuo), quando associado à episiotomia, também resulta em lacerações mais graves.

Estatisticamente, portanto, sempre é POSSÍVEL que uma mulher tenha lacerações de graus variados durante partos vaginais, porém as lacerações mais graves estão mais frequentemente associadas às episiotomias e aos partos instrumentais.





(Por CarlaAndreucci Polido no Facebook)